Livro: Todos os contos
Conto: A imitação da rosa
Conto: A imitação da rosa
Autora: Clarice Lispector
Editora: Editora Rocco
Nota:⭐⭐⭐⭐⭐
Nota:⭐⭐⭐⭐⭐
Projeto #12mesescomClarice2020
Sinopse
Dona de uma obra que cruza fronteiras geográficas e de gênero, Clarice Lispector é considerada atualmente uma das mais importantes escritoras do século XX. Nesta coletânea, que reúne pela primeira vez todos os contos da autora num único volume, organizada pelo biógrafo Benjamin Moser, é possível conhecer Clarice por inteiro, desde os primeiros escritos, ainda na adolescência, até as últimas linhas. Essencial para estudantes e pesquisadores, para fãs de Clarice Lispector e iniciantes na obra da escritora, Todos os contos foi lançado nos Estados Unidos em 2015, figurando na lista de livros mais importantes do ano do jornal The New York Times e colecionando importantes prêmios. Agora é a vez de os leitores brasileiros (re)descobrirem por completo esta contista prolífica e singular e seu planeta habitado por bichos, homens e sobretudo mulheres, que se revelam, nas mãos de Clarice, maravilhosos em meio à alegria e ao horror da existência.
Minha opinião
Nesse conto, conhecemos Laura. Uma mulher que após passar um tempo internada, se mostra de certa forma obcecada a convencer a todos que está tudo bem.
Antes do marido chegar em casa para saírem depois de tanto tempo e encontrarem uma amiga sua de longa data, Laura, ela deveria deixar tudo arrumado e já pronta em seu vestido marrom de gola de renda creme.
No entanto, várias coisas vão desviando sua atenção. Ela fica pensando no tempo que ela não esteve ali em sua casa. Tempo no qual não sentiu o esgotamento de tanto fazer algo em casa, de estar sempre ocupada.
E isso vai despertando nela uma culpa. Ela começa a se chamar de fraca por ter passado por isso, como se sua internação fosse algo que ela pudesse controlar.
Ao que me parece ela sofreu com crises de ansiedade por causa da busca pela perfeição. O médico lhe disse que agora tudo já estava bem mas seria recomendável tomar uns goles de leite entre as refeições para amenizar sua ansiedade e até isso ela faz de forma regrada.
Esse conto é um pouco mais longo que outros e vamos sentindo a aflição da personagem enquanto lemos. Ela começa várias atividades mas se perde no que está falando em meio a devaneios por causa da pressão de querer mostrar que está tudo bem.
A gota d'água é quando ela encontra um buquê de rosas e ele é tão lindo que ela enxerga nele a perfeição que queria nela. Mas de início não acha merecedora dele e diz a empregada para que o envie para Laura.
No entanto, quando ela percebe que "não, esse buquê é meu, eu deveria ficar com ele", já é tarde demais e a empregada já o levou. E isso a devasta de tal forma como se a perfeição do buquê tirado dela tivesse tirado dela o pouco da perfeição que ela achara ter recuperado ao "estar bem".
Mais um conto com muita reflexão e que nos faz pensar nas cobranças que são feitas às mulheres.
Você pode adquirir o livro aqui.
Por Amanda Rocha
Me lembro de que ler esse conto foi difícil. Eu e a personagem num primeiro momento, não nos entendemos. Eu queria abandonar a leitura, mas como fazia parte de um curso sobre Clarice, me obriguei a ler. Mas, eu interrompi a leitura várias vezes.
ResponderExcluirLaura é uma personagem fora de si que é super-humana e vive tranquilamente numa espécie de isolamento. Ela está em busca de uma identidade e a narrativa de Clarice vai nesse sentido, mas juro que não alcancei essa iluminação proposta.
Não é o meu conto favorito dela.
bacio
Gente, a cada resenha sua sobre os contos desse livro, sinto mais vontade de tê-lo. "A imitação da rosa" parece tão sensível e desconfortável de se ler, daquele tipo de texto que, ao nos fazer acompanhar a rotina tão corriqueira e tão única dessa mulher que sofre em seu íntimo, te bota triste e pleno ao mesmo tempo, da forma que só Clarice consegue... Parabéns pela resenha!
ResponderExcluirEstou amando esse projeto. É impressionante como o contexto da Clarice é ainda atual em vários aspectos no que diz respeito à vivência como mulher... Esse desespero do estar bem após estar muito mal, pra que as pessoas acreditem, é muito comum após um longo período de instabilidade forte mental, né... A gente fica em DESESPERO pra provar que ninguém precisa se preocupar. Que lindo ela retratando isso onde as coisas eram ainda mais estigmatizadas...
ResponderExcluir