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Resenha: Meu amigo Dahmer - Derf Backderf

 Livro: Meu amigo Dahmer
Autor: Derf Backderf
Editora: DarkSide Books
Páginas: 288
Nota:⭐⭐⭐⭐
Leitura do mês de Agosto no projeto DarkSide Readers Team.

Sinopse

Será possível identificar os traços de personalidade de um assassino antes mesmo que ele comece a matar? Imagine descobrir que um amigo seu de escola acabou se transformando num dos mais temidos serial killers do século? Essa é a história real que o quadrinista Derf Backderf relata na graphic novel MEU AMIGO DAHMER.

MEU AMIGO DAHMER traz o perfil do psicopata Jeff Dahmer quando este ainda era um aluno do ensino médio. O autor do livro foi seu colega de turma nos anos 1970, e conviveu com o futuro “canibal de Milwaukee” com uma intimidade que Dahmer talvez só viesse a compartilhar novamente com suas vítimas. Juntos, Derf e Dahmer estudaram para provas, mataram aula, jogaram basquete.

Os dois tomaram rumos diferentes, e Derf só voltaria a saber do amigo pelo noticiário, anos depois. Em 1991, os crimes de Jeffrey Dahmer vieram à tona: necrofilia, canibalismo e uma lista de pelo menos 17 mortos, entre homens adultos e garotos. O primeiro assassinato teria acontecido meses após a formatura no colégio.

Além de remexer nos seus velhos cadernos e álbuns de fotografia, Derf consultou seus amigos de adolescência, antigos professores, os arquivos do FBI e a cobertura da mídia após a descoberta de seus crimes antes de roteirizar MEU AMIGO DAHMER.

Muitos tinham histórias do garoto que costumava fingir surtos epilépticos, que exagerava na bebida antes mesmo de ir para a aula e que parecia ter uma fixação em dissecar os animais atropelados que encontrava perto de casa. Mas quem realmente poderia prever os caminhos sombrios pelos quais ele seguiria? Seria possível evitar tamanha tragédia? Leia e tente tirar suas próprias conclusões.

MEU AMIGO DAHMER, a história (em quadrinhos) antes da história, foi premiada no Festival de Angoulême, França, em 2014, e incluída pela revista Time como um dos cinco melhores livros de não ficção de 2012. A primeira HQ da coleção Crime Scene inaugura a publicação de histórias em quadrinhos, graphic novels e mangás pela DarkSide® Graphic Novel.


Minha opinião

Logo no prefácio da Graphic Novel nos deparamos com a seguinte frase dita pelo próprio Dahmer:


E bem, Dahmer de fato tinha muitas semelhanças com diversos adolescentes por aí: problemas familiares, era de certa forma deixado de lado muitas vezes por ser o irmão mais velho e tinha suas obrigações escolares.

No entanto, fica bem claro que ele não era apenas um adolescente como qualquer outro: Dahmer era recluso, escondia sua homossexualidade por medo da homofobia e gostava de colecionar animais mortos. Ele os colocava em potes de vidros e esperava dissolver ou retirava a pele com faca porque segundo "gostava de ver como era por dentro".

Seu jeito de chamar atenção foi imitando ataques epilépticos. A galera na escola achava isso engraçado e Dahmer querendo ser notado seguiu fazendo. E assim surgiu o fã-clube Dahmer. O mais próximo que Dahmer teria de "amigos".

Derf Backderf era um dos membros desse tal fã-clube e é possível sentir muita culpa em sua escrita. Apesar dele trazer muito à tona o quanto os adultos foram irresponsáveis ao não dar a devida atenção para o comportamento estranho de Dahmer, que piorou ainda mais depois do divórcio dos pais, quando Dahmer virou alcoólatra, você consegue sentir um ressentimento nas palavras de Backderf, como se sua amizade pudesse de repente ter dado uma chance para que Dahmer não se tornasse o que se tornou.


A arte, assim como o enredo, foi feito por Backderf, que já tinha o hábito de fazer desenhos de Dahmer no colegial. É possível ver alguns desenhos originais dessa época na Graphic Novel.

Os quadros em preto e branco e alguns com poucas coisas escritas e até sem nada escrito consegue recriar bem o ambiente e sentimento solitário que Backderf imagina que Dahmer tenha vivenciado pelo que observou e estudou sobre Dahmer.

No final da Graphic Novel há todo o material e pessoal que Backderf consultou, incluindo arquivos do FBI e os pai de Dahmer (a mãe não foi de grande colaboração), para que fosse o mais fiel possível.

Esse material extra nos ensina muito sobre quem foi o serial killer Dahmer, enquanto a Graphic Novel mostra um Dahmer antes dos crimes.

Meu amigo Dahmer foi uma leitura densa e conflitosa, e não digo isso pela temática pesada, mas sim porque a gente se pega sentindo pena de alguém que sabemos que foi extremamente cruel com suas vítimas.

Mas toda essa reflexão também atiça a curiosidade pela pesquisa sobre o tema. E é possível ver que hoje em dia já é possível identificar sinais de perigo em crianças para observá-la de perto e evitar que ela se torne um serial killer ou um psicopata na fase adulta.

Então, a gente consegue entender porque nos anos 70 não conseguiram identificar esses sinais de Dahmer, mas também ter noção que todos esses níveis de maldade e sinais de perigo foram esclarecidos pelos crimes cometidos por seriais killers dessa época. Nada mais que o aprender com erros do passado para evitá-los no futuro. Óbvio que era melhor que nem tivesse ocorrido nada disso, mas de certa forma funcionou como aprendizado.

Curiosidades

A Graphic Novel foi eleita pela Time como um dos cinco melhores livros de não-ficção de 2012. A edição francesa ganhou o prêmio revelação no Festival de Angoulême em 2014 e a versão brasileira ganhou o Troféu Mix HQ em 2018 na categoria "melhor publicação de aventura/terror/fantasia".

A Graphic Novel ganhou uma adaptação cinematográfica homônima em 2017 com Ross Lynch (de O mundo sombrio de Sabrina) como Jeffrey Dahmer e Alex Wolff (de Hereditário) como Derf Backderf. O filme sustenta uma nota de 87% no importante site de avaliação cinematográfica Rotten Tomatoes. Assisti ao filme depois de terminar a Graphic Novel, apenas um detalhe foi alterado no final do filme, que embora eu entenda que seja para mostrar a maldade de Dahmer aflorando, segundo a Graphic Novel, Dahmer nunca tentou nenhuma crueldade com nenhum dos "amigos".


Acima: Jeffrey Dahmer à esquerda e Ross Lynch à direita
Abaixo: Backderf à esquerda e Alex Wolff à direita

Dahmer ao imitar os ataques epilépticos, convulsões e fala arrastada dizia ser uma imitação do decorador de sua casa que tinha paralisia cerebral.

A mãe de Dahmer, sofria de algum problema psiquiátrico, no entanto não se sabe o que era. Alguns lugares dizem apenas depressão. É comentado que ela esteve internada algumas vezes e até durante a gravidez de Dahmer chegava a ingerir cerca de 27 comprimidos por dia. 

O pai de Dahmer também lançou um livro contando um pouco da história de seu filho. O livro se chama A father's story.

Dahmer provalemente não seria um desses casos que poderiam ser evitados, porque além de assassino, Dahmer era necrófilo e canibal. Na escala de maldade criada pelo Dr. Michael Stone que tem valores de 1 a 22, Dahmer está no nível mais alto de maldade.

Dahmer não foi condenado à pena de morte por ter colaborado com a investigação. Dahmer falava calma e friamente dos crimes cometidos. Sendo assim, ele foi condenado a 16 penas de prisão perpétua, o que corresponde a mais de 900 anos. No entanto, três anos depois de ser preso, Dahmer foi morto com várias batidas de ferro, maneira similar que Dahmer utilizou para matar sua primeira vítima.

Você pode adquirir o livro aqui.

Caso queiram participar da próxima leitura no @darksidereadersteam, estaremos lendo Lady Killer, outra graphic novel da DarkSide Books. Entre em contato pelo instagram @darksidereadersteam, @blogsobrealeitura, @cafe_com_leitura, @leituraenigmatica ou @condutaliteraria.

Glossário:
Serial killer - Assassino em série.
Graphic Novel - História em quadrinhos de volume único.

Por Amanda Rocha

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