O blog "Sobre a Leitura" está participando do projeto 6 on 6 do grupo no Facebook Interative-se.
O projeto constitui de um 6 fotos temáticas no dia 6 de cada mês por 6 meses.
Dessa vez o tema é Arte Urbana e trarei algumas imagens feitas por mim e algum poema ou música relacionado.
A arte de hoje é um índio, que faz parte do mural "Etnias" presente no Porto Maravilha mo Rio de Janeiro.
O mural, pintado pelo artista brasileiro que faz sucesso mundialmente e atualmente eleito como personalidade do ano em Nova York, Eduardo Kobra, foi reconhecido em 2016 como o maior grafite do mundo pelo "Guiness World Records", o livro dos recordes.
***
A vida do índio – Edmar Batista de Souza (Itohã Pataxó)
O índio lutador,
Tem sempre uma história pra contar.
Coisas da sua vida,
Que ele não há de negar.
A vida é de sofrimento,
E eu preciso recuperar.
Eu luto por minha terra,
Por que ela me pertence.
Ela é minha mãe,
E faz feliz muita gente.
Ela tudo nós dar,
Se plantarmos a semente.
A minha luta é grande,
Não sei quando vai terminar.
Eu não desisto dos meus sonhos,
E sei quando vou encontrar.
A felicidade de um povo,
Que vive a sonhar.
Ser índio não é fácil,
Mas eles têm que entender.
Que somos índios guerreiros.
E lutamos pra vencer.
Temos que buscar a paz,
E ver nosso povo crescer.
Orgulho-me de ser índio,
E tenho cultura pra exibir.
Luto por meus ideais,
E nunca vou desistir.
Sou Pataxó Hãhãhãe,
E tenho muito que expandir.
Termina em um bang bang.
Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.
Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a inconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.
O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.
Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!
A quarta arte escolhida é de autoria desconhecida. É possível ver várias dessas pinturas em ruas da Ilha Grande, no Rio de Janeiro.
*** Pássaro vermelho – Milton Nascimento e Fernando Brant
Pássaro vermelho
sonhou um canto e cantou
o seu canto era belo e bom:
ê sol
ê lua
ê mata
ê rio.
Brasil nem era Brasil.
Muito antes de Colombo
muito antes de Cabral
aqui viva uma gente
falando lingua de vida
vivendo uma vida tal
que até parece cinema
até parece um sonho
o que era natural.
O Brasil nem era Brasil.
O povo aqui vivia
amava as coisas que tinha:
a mata dava a caça
o rio que dava o peixe
a terra que dava o fruto
o fruto que repartia
na aldeia e na casa
na tribo e na família.
Brasil nem era o Brasil
Um dia chegou de longe
o homem civilizado
trazendo em sua bagagem
veneno mais que mortal
tudo o que aqui vivia
em sua harmonia
tocado pelo tal veneno
foi virando pelo avesso.
Brasil nem era o Brasil
E todos que aqui sonhavam
viram o que o sonho virava
um enorme pesadelo
Por isto é que todo mundo
que mora nesse Brasil
precisa sonhar canto novo
precisa crescer como povo.
Pássaro vermelho
sonho um canto e cantou
e seu canto era belo e bom:
ê sol
ê lua
ê mata
ê rio
No líquido luar tateiam a coisa a vir
Assim, dentro do ar, meus lentos dedos loucos
Passeiam no teu corpo a te buscar-te a ti.
És a princípio doce plasma submarino
Flutuando ao sabor de súbitas correntes
Frias e quentes, substância estranha e íntima
De teor irreal e tato transparente.
Depois teu seio é a infância, duna mansa
Cheia de alísios, marco espectral do istmo
Onde, a nudez vestida só de lua branca
Eu ia mergulhar minha face já triste.
Nele soterro a mão como a cravei criança
Noutro seio de que me lembro, também pleno...
Mas não sei... o ímpeto deste é doído e espanta
O outro me dava vida, este me mete medo.
Toco uma a uma as doces glândulas em feixes
Com a sensação que tinha ao mergulhar os dedos
Na massa cintilante e convulsa de peixes
Retiradas ao mar nas grandes redes pensas.
E ponho-me a cismar… - mulher, como te expandes!
Que imensa és tu! maior que o mar, maior que a infância!
De coordenadas tais e horizontes tão grandes
Que assim imersa em amor és uma Atlântida!
Vem-me a vontade de matar em ti toda a poesia
Tenho-te em garra; olhas-me apenas; e ouço
No tato acelerar-se-me o sangue, na arritmia
Que faz meu corpo vil querer teu corpo moço.
E te amo, e te amo, e te amo, e te amo
Como o bicho feroz ama, a morder, a fêmea
Como o mar ao penhasco onde se atira insano
E onde a bramir se aplaca e a que retorna sempre.
Tenho-te e dou-me a ti válido e indissolúvel
Buscando a cada vez, entre tudo o que enerva
O imo do teu ser, o vórtice absoluto
Onde possa colher a grande flor da treva.
Amo-te os longos pés, ainda infantis e lentos
Na tua criação; amo-te as hastes tenras
Que sobem em suaves espirais adolescentes
E infinitas, de toque exato e frêmito.
Amo-te os braços juvenis que abraçam
Confiantes meu criminoso desvario
E as desveladas mãos, as mãos multiplicantes
Que em cardume acompanham o meu nadar sombrio.
Amo-te o colo pleno, onda de pluma e âmbar
Onda lenta e sozinha onde se exaure o mar
E onde é bom mergulhar até romper-me o sangue
E me afogar de amor e chorar e chorar.
Amo-te os grandes olhos sobre-humanos
Nos quais, mergulhador, sondo a escura voragem
Na ânsia de descobrir, nos mais fundos arcanos
Sob o oceano, oceanos; e além, a minha imagem.
Por isso - isso e ainda mais que a poesia não ousa
Quando depois de muito mar, de muito amor
Emergindo de ti, ah, que silêncio pousa
Ah, que tristeza cai sobre o mergulhador!
A última arte selecionada para o 6 on 6 de Janeiro é de autoria de Gil Faria e está localizada no Armazém 7 no Porto Maravilha.
*** Mulher - Dante Alighieri
Tradução de Ivo Barroso.
É tão gentil e tão honesto o ar
de minha Dama, quando alguém saúda,
que toda boca vai ficando muda
e os olhos não se afoitam de a fitar.
Ela assim vai sentindo-se louvar
na piedosa humildade em que se escuda,
qual fosse um anjo que dos céus se muda
para uma prova dos milagres dar.
Tão afável se mostra a quem a mira
que o olhar infunde ao coração dulçores
que só não sente quem jamais olhou-a.
E quando fala, dos seus lábios voa
Uma aura suave, trescalando amores,
que dentro d’alma vai dizer: “Suspira!”
Essa segunda arte está presente no muro de uma estação de rede elétrica na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro e dispensa outro poema, além do que já está na imagem de autoria do Anonimundo
***
O amor,
como o universo
Começa em um big bang
ETermina em um bang bang.
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.
Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a inconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.
O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.
Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!
A quarta arte escolhida é de autoria desconhecida. É possível ver várias dessas pinturas em ruas da Ilha Grande, no Rio de Janeiro.
*** Pássaro vermelho – Milton Nascimento e Fernando Brant
Pássaro vermelho
sonhou um canto e cantou
o seu canto era belo e bom:
ê sol
ê lua
ê mata
ê rio.
Brasil nem era Brasil.
Muito antes de Colombo
muito antes de Cabral
aqui viva uma gente
falando lingua de vida
vivendo uma vida tal
que até parece cinema
até parece um sonho
o que era natural.
O Brasil nem era Brasil.
O povo aqui vivia
amava as coisas que tinha:
a mata dava a caça
o rio que dava o peixe
a terra que dava o fruto
o fruto que repartia
na aldeia e na casa
na tribo e na família.
Brasil nem era o Brasil
Um dia chegou de longe
o homem civilizado
trazendo em sua bagagem
veneno mais que mortal
tudo o que aqui vivia
em sua harmonia
tocado pelo tal veneno
foi virando pelo avesso.
Brasil nem era o Brasil
E todos que aqui sonhavam
viram o que o sonho virava
um enorme pesadelo
Por isto é que todo mundo
que mora nesse Brasil
precisa sonhar canto novo
precisa crescer como povo.
Pássaro vermelho
sonho um canto e cantou
e seu canto era belo e bom:
ê sol
ê lua
ê mata
ê rio
A quinta arte está pintada no Armazém 8, também no Porto Maravilha, bem em frente ao AquaRio. Essa é do artista Acme.
***
Mergulhador – Vinicius de Moraes
Como, dentro do mar, libérrimos, os polvos ***
Mergulhador – Vinicius de Moraes
No líquido luar tateiam a coisa a vir
Assim, dentro do ar, meus lentos dedos loucos
Passeiam no teu corpo a te buscar-te a ti.
És a princípio doce plasma submarino
Flutuando ao sabor de súbitas correntes
Frias e quentes, substância estranha e íntima
De teor irreal e tato transparente.
Depois teu seio é a infância, duna mansa
Cheia de alísios, marco espectral do istmo
Onde, a nudez vestida só de lua branca
Eu ia mergulhar minha face já triste.
Nele soterro a mão como a cravei criança
Noutro seio de que me lembro, também pleno...
Mas não sei... o ímpeto deste é doído e espanta
O outro me dava vida, este me mete medo.
Toco uma a uma as doces glândulas em feixes
Com a sensação que tinha ao mergulhar os dedos
Na massa cintilante e convulsa de peixes
Retiradas ao mar nas grandes redes pensas.
E ponho-me a cismar… - mulher, como te expandes!
Que imensa és tu! maior que o mar, maior que a infância!
De coordenadas tais e horizontes tão grandes
Que assim imersa em amor és uma Atlântida!
Vem-me a vontade de matar em ti toda a poesia
Tenho-te em garra; olhas-me apenas; e ouço
No tato acelerar-se-me o sangue, na arritmia
Que faz meu corpo vil querer teu corpo moço.
E te amo, e te amo, e te amo, e te amo
Como o bicho feroz ama, a morder, a fêmea
Como o mar ao penhasco onde se atira insano
E onde a bramir se aplaca e a que retorna sempre.
Tenho-te e dou-me a ti válido e indissolúvel
Buscando a cada vez, entre tudo o que enerva
O imo do teu ser, o vórtice absoluto
Onde possa colher a grande flor da treva.
Amo-te os longos pés, ainda infantis e lentos
Na tua criação; amo-te as hastes tenras
Que sobem em suaves espirais adolescentes
E infinitas, de toque exato e frêmito.
Amo-te os braços juvenis que abraçam
Confiantes meu criminoso desvario
E as desveladas mãos, as mãos multiplicantes
Que em cardume acompanham o meu nadar sombrio.
Amo-te o colo pleno, onda de pluma e âmbar
Onda lenta e sozinha onde se exaure o mar
E onde é bom mergulhar até romper-me o sangue
E me afogar de amor e chorar e chorar.
Amo-te os grandes olhos sobre-humanos
Nos quais, mergulhador, sondo a escura voragem
Na ânsia de descobrir, nos mais fundos arcanos
Sob o oceano, oceanos; e além, a minha imagem.
Por isso - isso e ainda mais que a poesia não ousa
Quando depois de muito mar, de muito amor
Emergindo de ti, ah, que silêncio pousa
Ah, que tristeza cai sobre o mergulhador!
*** Mulher - Dante Alighieri
Tradução de Ivo Barroso.
É tão gentil e tão honesto o ar
de minha Dama, quando alguém saúda,
que toda boca vai ficando muda
e os olhos não se afoitam de a fitar.
Ela assim vai sentindo-se louvar
na piedosa humildade em que se escuda,
qual fosse um anjo que dos céus se muda
para uma prova dos milagres dar.
Tão afável se mostra a quem a mira
que o olhar infunde ao coração dulçores
que só não sente quem jamais olhou-a.
E quando fala, dos seus lábios voa
Uma aura suave, trescalando amores,
que dentro d’alma vai dizer: “Suspira!”
Por Amanda Rocha
Amiga, bela sua iniciação conosco no "6 on 6"! Ficou um post belo e rico! Falar de etnias me encanta! De arte então... E juntar tudo isso com literatura me fascina ainda mais! Parabéns!
ResponderExcluirAdorei o post! Estarei trabralhando esse tema com as minhas crianças...
ResponderExcluirAbraços
Quer rico esse post.. falar sobre etnia é muito importante. Parabéns
ResponderExcluirO Kobra lacra sempre !!! Sou louca para ver esse mural pessoalmente. Muito leal esse projeto !!!
ResponderExcluirBesitos
Trabalhei esse tema ano passado com as minhas crianças
ResponderExcluirAdorei
Oie!!
ResponderExcluirQue fotos mais lindas!! Parabéns!
Esse projeto é muito legal, pena que não pude participar dessa vez.
Adorei todas as imagens escolhidas por você e o post ficou maravilhoso.
bjs
Fernanda
Essas imagens existem de verdade? Caramba, parecem criações de photoshop. Lindas demais, não consegui escolher uma predileta, todas me conquistaram. Parabéns pelo lindo projeto que participou.
ResponderExcluirGustavo
http://www.leituraenigmatica.com
Adorei as fotos! Fiquei impressionada como eu já fui no Porto Maravilha, mas nunca vi todas essas artes. Talvez, eu não tenha andado o suficiente... Quero muito ir no AquaRio e tirar foto com essas artes! São tão lindas *-*
ResponderExcluirJá tirei muitas fotos aí, um lugar lindo e incrivél
ResponderExcluirPost incrível! Unir a arte urbana com texto de autores consagrados como Vinicius de Moraes. Amei ver essas artes conversando <3
ResponderExcluirLindas demais essas fotos, belíssimas artes urbanas, amei o híbrido de pássaro e peixe
ResponderExcluirNossa que projeto legal, eu amei as fotos, cada uma mais linda que a outra!
ResponderExcluirQue lindas as artes escolhidas! Os poemas casaram muito bem com todas as fotos. A revitalização do Porto Maravilha ficou ótima, a presença das artes gráficas valorizou bastante o local.
ResponderExcluirQue fotos incríveis! Uma arte mais linda que a outra e a combinação com as poesias que você escolheu foi perfeita. Difícil escolher qual gostei mais, talvez a 2 ou a 3 tenham sido as que mais me encantaram.
ResponderExcluirEu só queria aprender a fazer grafites tão perfeitos como esses <3 Mas não, eu cismo em continuar nos palitinhos mesmo ;-;
ResponderExcluir1xbet | 1xbet | Bet with a Bonus - RMC | Riders Casino
ResponderExcluir1XBet allows you to bet on 1xbet korean any 바카라 사이트 favourite septcasino horse races or any other 출장샵 sporting event. ✓ Get up to www.jtmhub.com £300 + 200 Free Spins No Deposit