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Resenha: A longa marcha - Stephen King




Livro: A Longa Marcha
Autor: Stephen King
Editora: Sem Editora
Páginas: 244
Nota: 5/5

Sinopse

Em um futuro próximo, onde os Estados Unidos se tornou um estado militar, cem garotos são selecionados para entrar em uma competição anual, onde o vencedor é premiado com o que ele desejar, para o resto de sua vida. As regras são simples: manter um ritmo de marcha constante, de seis quilômetros por hora, sem parar. Três advertências, e você está fora, permanentemente.




Minha opinião


Esse livro foi uma recomendação de um amigo com quem divido meu gosto peculiar pela leitura de livros fortes e marcantes, aquela pessoa que nunca erra uma indicação, a primeira coisa que ele me disse é que tinha redescoberto o prazer pelas distopias, estávamos bastante desanimados com as distopias atuais pela receita previsível que a maioria trazia na trama e a falta de profundidade das personagens e histórias, mas nossas esperanças foram restabelecidas com esse livro.
É o segundo de 7 livros escritos sob o pseudônimo de Richard Bachman, publicado originalmente em 1979, foi traduzido no Brasil só em 1992 na coletânea Os livros de Bachman, pela Francisco Alves e nunca mais teve outra edição, por isso é tão difícil de encontrar e tão caro.
A premissa não é muito animadora, 100 adolescentes andando, mas nas mãos do King se tornou uma historia cruel e reflexiva, conhecer as motivações dos participantes desse reality show de horror aproxima o leitor, é impossível não desenvolver simpatia por eles, ao longo da caminhada sua vida é exposta, suas convicções são questionadas, sua fé é abalada, seja fé religiosa ou em seu próprio potencial, nesse livro, Stephen King traz questões existenciais para o leitor através dos competidores, você se pega refletindo sobre a ganância e tudo que você faria pra alcançar seus objetivos, realizar seus desejos, por quem você faria tudo e por cima de quem você passaria para completar seus objetivos, essa última questão muitas vezes tem uma resposta aterrorizante: por cima de si mesmo.
Além de abordar a vida e as motivações das personagens, King mostra uma terrível percepção de todos nós enquanto espectadores das tragédias humanas, todo o nosso prazer em assistir a pior versão dos outros seres humanos confinados e colocados em situações extremas, nossa ânsia pelo próximo eliminado, o partido que tomamos por um ou outro competidor que acabamos de conhecer a existência, todo julgamento que proferimos sem contexto algum, apenas aqueles minutos diários mostrados na televisão, o quanto pagamos pelo desespero alheio e por uma migalha do que restar dessas pessoas completamente desumanizadas e despidas de da sua própria segurança, tudo isso jogado na nossa cara, como um balde de água gelada pra nos mostrar o que nos tornamos quando buscamos divertimento a qualquer custo.
Um livro sensacional que traz tantos diferentes temas em apenas 244 páginas de forma crua e dura, é aterrorizante, frio, calculado palavra a palavra para fazer o leitor imergir na dor dos concorrentes e o final é um show a parte.

Por Maira Marini

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